Nota de pesar falecimento de Dom Pedro Casaldáliga

Ano de publicação: 2020

Manifestação de Pesar pelo Falecimento de Dom Pedro Casaldáliga



A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE) vem por meio dessa manifestação lamentar o falecimento de Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso.



Seus pensamentos, poemas, escritos, mas sobretudo suas ações, foram muito importantes na defesa dos indígenas, camponeses e da floresta. Uma vida dedicada à luta dos mais pobres e dos vitimados de um sistema de exploração e expropriação que transforma a relação sociedade x natureza em palco de injustiças e desigualdades. Ele fez da sua vida uma missão. Não titubeou em nenhum momento e avisou aos que não estavam em luta, ou, ao menos, posicionados: “na dúvida, fique do lado dos pobres”.



A defesa da terra para todos e todas, a noção de terra para quem nela trabalha e de terra provedora de alimentos influenciou uma parte de geógrafos que se dedicaram ao estudo da questão agrária brasileira, da ocupação da Amazônia e das formas predatória de uso da natureza.



As noções de justiça social e libertação em relação as formas de apropriação da terra é um legado da Igreja da Libertação, a qual Dom Pedro é um dos seus principais representantes. Não só a Geografia, mas as Ciências Humanas são tributárias dos seus pensamentos e ações presentes no histórico texto: “Uma igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social”, que veio a público em 23 de outubro de 1971 - exatamente no dia da ordenação episcopal de Dom Pedro Casaldáliga como bispo da prelazia de São Félix. Casaldáliga soube traduzir a situação social dos povos da floresta (posseiros, ribeirinhos, peões, indígenas, etc.) e mostrou que a expansão capitalista nessas áreas, ao invés de significar a chegada do progresso, representou a ganância e o desprezo pela vida humana e pela natureza como carro-chefe da modernização.



Obrigado Dom Pedro! A memória das suas ações, a lucidez de seus poemas e sua sensibilidade em ver a classe trabalhadora como portadora da sua própria história permanecerá presente, principalmente em um país governado conjunturalmente por anticristos. A memória das suas lutas servirá como fermento à resistência popular!



“Malditas sejam todas as cercas!

Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar!

Malditas sejam todas as leis, amanhadas por umas poucas mãos, para ampararem cercas e bois e fazerem da terra escrava e escravos os homens!”

D. Pedro Casaldáliga



 



08/08/2020


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