Na próxima segunda-feira, 29 de maio, comemora-se o Dia do Geógrafo. Há várias mobilizações, de várias entidades em todo o país, visando celebrar, comemorar e enaltecer a importância deste profissional no contexto social. Mesmo sem ter sido solicitada por todas essas mobilizações, a ANPEGE apoia todas elas e faz coro em exaltação e defesa ao profissional que permite à sociedade reconhecer os meandros do espaço que sedimenta a sua experiência humana.
Contudo, no contexto de divulgação de uma das principais atividades que devem acontecer nessa comemoração, reunindo um número significativo de geógrafos consagrados pela literatura da área, falas e comentários preconceituosos se ebuliram por não haver nenhum geógrafo fixado na Região Norte no rol dos convidados. Face a esse episódio, esta diretoria foi incitada a se pronunciar e ela entende que:
1. Na construção do saber geográfico, não há prerrogativa institucional nem de tempo e nem de lugar. A Geografia, enquanto conhecimento e saber, está sendo tecida hoje, no mínimo, em 77 programas de pós-graduação dispersos em TODOS os recantos do país, estando radicada nos 7 estados da Região Norte.
2. Fora do eixo sudeste/litorâneo, onde os primeiros programas se constituíram, se erigiu uma Geografia do Interior e, mais recentemente, uma Geografia do Sertão Centro-Norte. Esse processo de interiorização da pós-graduação evidenciou geografias e geógrafos, dando destaque a novos problemas, novos objetos e novas abordagens e, por decorrência, a um Brasil maior do que se pensava.
3. O fato de haver mais destaque a profissionais do eixo sudeste/litorâneo reside menos na importância do que se enuncia e mais na assimetria da distribuição de recursos que oportunizam a pesquisa, sendo esta uma desigualdade geográfica, por se radicar no tempo e no espaço.
4. Qualquer forma de menosprezo à diferença regional, de gênero ou de cor/raça na produção do conhecimento é dominada por preconceito e evidencia os signos da razão imperialista e do dogmatismo sintético que arrogam a si a exclusiva legitimidade.
Mais do que nunca, desejamos pronunciar as Geografias da esperança, que extirpam toda e qualquer forma de desigualdade.
Porto Nacional, 28 de maio de 2023.
Diretoria da ANPEGE
