CARTA DE APOIO AO MST

Ano de publicação: 2023

CARTA DE APOIO AO MST

Nós, entidades abaixo relacionadas, vimos a público manifestar nosso apoio ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que recentemente vem sofrendo ação na Câmara dos Deputados por intermédio de uma proposição do Tenente Coronel Zucco (Republicanos/RS) e outros (RCP/2023) apresentada em 15 de março de 2023 e que resultou na criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito “... com a finalidade de investigar a atuação do grupo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), do seu real propósito, assim como dos seus financiadores” (câmara.leg.br). A Comissão foi instituída em 17 de maio de 2023.

Na história do processo de apropriação das terras no Brasil, identifica-se quem é invasor e quem não é. Uma sociedade que privilegiou mais coisas do que pessoas e de cujas leis foram beneficiando uma pequena elite econômica branca, que impediu e excluiu negros, indígenas, mestiços de ter acesso à terra. Leis como a Lei de Sesmarias, a Lei de Terras, articuladas ao “poder do mando”, garantiram a conformação de grandes latifúndios no país, que seguem aos dias atuais, a partir da continuidade de leis que tem privilegiado o poder oligárquico.

E pela lei, querem criminalizar o MST. Quem conhece o MST, sabe que eles não “invadem” terras. Eles ocupam terras que pela Constituição de 1988, deveriam

ser desapropriadas para fins de reforma agrária, por não estarem cumprindo sua função social, ou seja, porque a Lei não está sendo aplicada. O Brasil tem aproximadamente 180 milhões de hectares de terra devoluta que poderiam ser destinadas para fins de reforma agrária, demarcação de terras indígenas,quilombolas.

Na permanência dessa desigualdade estrutural, temos no Brasil mais recente, que apenas 1% detém quase metade das terras do país (Censo Agropecuário de 2017), enquanto mais de 30 milhões de brasileiros passam fome.

Durante a pandemia, o MST distribuiu gratuitamente mais de 7 mil toneladas de alimentos saudáveis à população em situação de vulnerabilidade social. Importante lembrar que o MST não é composto por ricos, mas por camponeses e camponesas, pessoas simples, que para produzirem, precisam trabalhar duro, sob o sol escaldante, neste país que libera trilhões para o agronegócio produzir commodities para exportar e quase nada para os pequenos, que são os que realmente produzem o que comemos. Portanto, quando o MST distribui toneladas de alimentos saudáveis não está fazendo caridade. O que fazem é PARTILHA. Somente pessoas imbuídas de espírito de solidariedade muito elevado, de consciência social e ambiental, são capazes de tamanho ato de grandeza.

É preciso ter bom senso de ver que 1% deter quase metade das terras do país enquanto milhões passam fome, é injusto em qualquer lugar do mundo. E atacar quem produz alimento saudável com ínfimos recursos e ainda partilha o pouco que tem, só serve para manter privilégios de classe e prejudicar todos aqueles que precisam se alimentar no país. Querendo ou não, concordando ou não, o povo brasileiro precisa do MST. Precisa daqueles(as) que produzem alimentos saudáveis, sem agrotóxico.



Nós apoiamos o MST.



29 de maio de 2023.



GT-Indígena/Associação dos Geógrafos Brasileiros – seção Dourados

Associação dos Geógrafos Brasileiros – seção Dourados

Sindicato dos (as) professores(as) da UFGD (ADUFDourados)

Associação Nacional de Pós-Graduação em Geografia (ANPEGE)

Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica - SINASEFE

Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)

Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Serviço Social (ABEPSS)

Associação Brasileira dos Professores de Italiano (ABPI)

Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO)

Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura (ABCiber)

Grupo de Estudos sobre Território e Reprodução Social (TERRHA/UFGD)

Grupo de Pesquisa de Saúde, Espaço e Fronteira(s) (GESF)

Retomada Aty Jovem – RAJ

Laboratório de Biogeografia da Saúde (BIOGEOS/UNESP)

Grupo de Pesquisa Território e Ambiente (FCH/UFGD)

Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional

(ANPUR)

Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações

Públicas

Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM)

Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (ABRAPEC)

Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBENBIO)

Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC)

Associação Brasileira de Hispanistas

Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação

(SOCICOM)

Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB)

Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião

(ANPTECRE)

Fórum de Associações Científicas de Ciências da Religião, Teologia e Ensino Religioso

(FACRETER)

Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia

Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL)

Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN)

Setorial Ecossocialista do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)

Sindicato dos Bancários de Dourados e Região

Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (ADUEMS)

Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação (SIMTED/Dourados)

Comitê de Defesa Popular


 


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